sábado, 3 de março de 2012

Vamos ao deserto

"Por isso a atrairei, conduzi-la-eí ao deserto e falar-lhe-ei ao coração" (Os 2,16). Entramos no deserto quaresmal. Eis um tempo oportuno onde nada pode nos dispersar daquilo que Deus quer pra nós. Nada pode nos tirar da sagrada presença. Firmamos o nosso querer do coração no que Deus quer falar. Com Cristo a Igreja vive o silêncio, as práticas de jejuns e sacrifícios para acolher a vontade do Pai. São significativas atitudes que propõem uma disposição interior às mudanças à luz da Palavra. Este clima de meditação profunda e desejo de escutar Deus deve ser a marca mais forte das liturgias quaresmais.

Os ministérios devem com zelo e dedicação abraçar esta espiritualidade que determinará bom desempenho na função litúrgica que exercem. "Sentir com a Igreja" é a expressão mais plena de significado para acertar na execução das funções específicas de um ministério de música. Estar atentos às tradições litúrgicas nos faz perceber que na Igreja estas celebrações devem ser como um "grande retiro". Devemos cuidar para que a exultação dos louvores não se exceda, não se perca o ambiente propício da Quaresma, que prioriza a penitência e o silêncio sagrado. "Ouve, Israel, o teu Deus quer falar!"

Os cânticos devem reproduzir, dentro do possível, a força dos apelos quaresmais. As leituras sagradas serão como uma grande bússola. Haverão de nos conduzir na direção de uma profunda maturidade espiritual. A Nova Israel. A Igreja deverá viver este tempo na latente vontade de se configurar aos sentimentos penitenciais de Cristo no deserto e a Israel, o povo eleito, que amadureceu na acolhida dos desígnios divinos a partir da experiência do deserto. Não tenhamos medo de silenciar e ler nas simbologias quaresmais a santa vontade de Deus para nós. Sejamos inspirados à lectio divina (leitura orante da Palavra de Deus), diários espirituais e às célebres cartas quaresmais (antiga tradição dos mosteiros), que nos despertem para propósitos concretos de mudança de vida
Publicado no Jornal Testemunho de Fé de 4 a 10 de março

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